Autor: Regis 17 de abril de 2009

O Bailux tem uma forte orientação no sentido do que chamamos de laboratório social.

VEJA O TEXTO ABAIXO:

SOCIOLABS

A proliferação de recursos tecológicos capazes de fazer captação de áudio e vídeo, e sua diminuição progressiva de custo, fez com que se começasse a pensar em um novo meio de se comunicar além da tradicional e milenar escrita. Imagens e sons podem ser mais eficazes e informativos do que um texto descritivo ou narrativo. Graças a essas tecnologias, pode-se até quebrar a barreira da linguagem e se comunicar com pessoas que não dividem a mesma língua.

O filósofo Pierre Lévy acredita que “temos um encontro com a superlíngua”, ou seja, uma linguagem que ultrapassa as barreiras da diversidade.

“Graças à escrita, vencemos uma nova etapa. Essa técnica possibilitou um acréscimo de eficácia da comunicação e da organização dos grupos humanos bem mais importante que o permitido pela fala. Foi porém ao preço de uma divisão das sociedades entre uma máquina burocrática de tratamento da informação, operando por meio da escrita, de um lado, e pessoas ‘administradas’, de outro. O problema da inteligência coletiva é descobrir ou inventar um além da escrita, um além da linguagem tal que o tratamento da informação seja distribuído e coordenado por toda a parte, que não seja mais o apanágio de órgãos sociais separados, mas se integre naturalmente, pelo contrário, a todas as atividades humanas, volte às mãos de cada um.”3

É para trazer a comunicação de volta às mãos de cada um que estes laboratórios trabalham com o social, ou seja, com as comunidades locais de uma determinada região. Vídeo, áudio, internet, plataforma aberta e outras vertentes comunicacionais disponíveis para que populações de qualquer país, cidade ou estado consiga se apropriar novamente e criar uma nova forma de comunicação.

Os meios digitais existem como um espaço amplo e democrático em que qualquer um pode espalhar a sua produção de conteúdo sem precisar passar por etapas burocráticas. O objetivo do SocioLabs é modificar o social de uma região usando estas ferramentas multimídia como forma de ploriferar e produzir conteúdo que podem interessar não só àquela localidade, como qualquer parte do mundo. Um estúdio multimídia com paredes transparentes deve ser instalado em uma região central para que a comunidade consiga se apropriar sem receios. Além disto, o laboratório será sede de uma antena para transmissão de sinal de internet banda larga, para que assim as comunidades consigam ter contatos com outras ou enviar o seu conteúdo para uma plataforma online.

“As hierarquias burocráticas (fundadas na escrita estática), as monarquias midiáticas (‘surfando’ na televisão e no sistema de mídias) e as redes internacionais da economia (utilizando o telefone e as tecnologias do tempo real) só mobilizam e coordenam parcialmente a inteligência, a experiência, o savoir-faire, a sabedoria e a imaginação dos seres humanos. É por isso que a invenção de novos procedimentos de pensamento e negociação que possam fazer emergir verdadeiras inteligências coletivas se faz urgente. As tecnologias intelectuais não se limitam a ocupar um setor entre outros da mutação antropológica contemporânea; elas são potencialmente sua zona crítica, seu lugar político. É preciso enfatizá-lo? Os intrumentos de comunicação e do pensamento coletivo não serão reinventados sem que se reinvente a democracia, uma democracia distribuída por toda parte, ativa, molecular. Neste ponto perigoso de virada ou de encerramento, a humanidade poderia reapoderar-se de seu futuro. Não entregando seu destino nas mãos de algum mecanismo supostamente inteligente, mas produzindo sistematicamente as ferramentas que lhe permitirão constituir-se em coletivos inteligentes, capazes de se orientar entre os mares tempestuosos da mutação.”4

Objetivos Gerais:

– fornecer ferramentas abertas de edição e captação de vídeo e áudio;

– produzir conteúdo local para outras regiões, como forma de integrar pequenas aldeias às outras áreas do mundo;

– usar as ferramentas multimídia para proliferar o conteúdo local;

– disponibilizar meios para que a comunidade produza o conteúdo e publique em plataformas online;

– fornecer conexão gratuita de banda larga sem fio à internet.

Objetivo Específico:

Conscientizar a população local sobre o uso de ferramentas multimídia para a produção de conteúdo e de informação. Por meio de workshops, as comunidades aprendem a usar ferramentas de captação e edição de vídeo e áudio e a como publicar e espalhar seus trabalhos em um ambiente online.

Para que isto seja possível, uma plataforma que cruza os conceitos de Grid e Cloud Computing será desenvolvida para que todos laboratórios estejam interligados um com outro e dividam sua produção. Os softwares de edição e captação ficarão hospedados na nuvem computacional, disponíveis para que qualquer interessado possa entrar e usá-las. A ideia é que os laboratórios se espalhem pelo mundo, criando uma biblioteca de conhecimento local que pode mudar a maneira como vemos o global. Para que os arquivos não fiquem restritos a um único país ou servidor, os dados serão distribuídos por meio de uma grelha computacional em outros servidores e computadores pessoais. Desta maneira, os dados ficarão armazenados em computadores de interessados ou até dos próprios centros espalhados pelas cidades do mundo. Somente desta maneira se conseguirá realmente transformar o local em algo totalmente global.

Os laboratórios sociais – uma vez que fazem experimentações sobre a vida e a sociedade local de uma determinada região – também são pontos em que a população conseguirá acesso gratuito à internet banda larga sem fio. Uma antena transmitirá o sinal para a região próxima, mas quem quiser utilizar o laboratório para fazer a divulgação de seu trabalho poderá fazê-lo tranquilamente.Os espaços são pontos de experimentação e acesso, conectando as comunidades locais em um emaranhado de informações e ferramentas que podem auxiliar em seu desenvolvimento.

ESPAÇO BAILUX no PARQUE CENTRAL-TOMBO 18-JUNTO A GUARITA DO ESTACIONAMENTO NA ENTRADA DO ARRAIAL D’AJUDA.