2F para a lista metareciclagem.bando

 

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Foto:::http://blogs.metareciclagem.org/efeefe/ 

Opas

E aí, todomundo? Ainda tô umas duzentas mensagens atrasado
aqui na lista, mas agora tô com internet de volta. Meu computador
é que tá meio zoado, e agora tô no meio de um dist-upgrade que
deve me trazer mais problemas. Mas nos próximos dias, vou me
atualizando dos papos. Quem quiser saber sobre a minha vida
nalemanha, tô blogando no http://efeefe.no-ip.org

Mas voltando à conversa, algumas colocações aqui. Fico feliz pelo
Badah ter trazido o papo pra cá, também conheci ele lá no espaço,
vamos ver pra onde vai tudo isso. Mas vou voltar ao mérito da
matéria inicial, sim. Acho que as duas coisas que incomodaram
mais as pessoas foram que a matéria ignora todo o histórico da
metareciclagem, que já tem cinco anos de constante reinvenção,
com base em diálogo e autonomia, e uma carona que pega na
tal da “web 2.0”, que de uma idéia interessante virou pura
hipérbole especulatória, conversa mais de mercado do que de
pessoas. E aí, na minha opinião, falta entender outro ponto
essencial: MetaReciclagem é relacionamento, rede, troca, tribo,
bando, identidade coletiva, muito mais do que o mero reaproveitamento
de “lixo digital”. MetaReciclagem é menos uma definição de técnica
ou metodologia do que um fenômeno social, pessoas fazendo
coisas juntas porque compartilham a perspectiva de que a
tecnologia se presta a usos múltiplos, não só aqueles que a
indústria quer que a gente acredite. A MetaReciclagem também
é um jogo coletivo cujo objetivo é definir seus próprios objetivos.

Em suma, a MetaReciclagem vai muito além do que o artigo
demonstra, e mesmo o pouco que ele tenta mostrar é confuso
e tem pouco a ver com tudo o que se fez e pensou nesses
últimos anos. Acho que o artigo também falha em mostrar
o que é mais importante da Cultura Digital – a realimentação
entre a ação nos Pontos de Cultura e a MetaReciclagem como
rede autônoma. Pra mim, foi um processo com alguns percalços,
mas no fim das contas positivo sob muitos aspectos. A rede da
MetaReciclagem conta com pessoas importantes que não teriam
vindo sem a interação com a Cultura Digital. E a Cultura Digital
adotou, mesmo que de uma maneira fragmentada e com menos
diálogo com a comunidade do que a gente gostaria, uma
perspectiva de desconstrução que foi influência de metarecicleirxs,
e que ajudou _muito_ na implementação da Cultura Digital.
Por mais que existam problemas e territórios cruzados e questões
pessoais e pouca clareza no relacionamento, as duas entidades
abstratas “cultura digital” e “metareciclagem” estão profundamente
ligadas, para o bem e para o mal.

Mas é óbvio, isso acaba muitas vezes sendo de nossa responsabilidade.
As maneiras que a gente usa pra conversar com o mundo sempre
foram negligenciadas. Eu dediquei um bom tempo da minha vida
a pôr no ar sistemas diversos pra tentar facilitar a comunicação da
MetaReciclagem entre si e com o mundo. Mas geralmente eu sou
quase o único usuário dos sistemas (com exceções, como os blogs),
e se temos poucos administradores, temos menos ainda pessoas
tentando melhorar essa comunicação. A maneira de entender a
MetaReciclagem hoje é procurar por textos ou entrevistas ou
relatos espalhados pela web, e isso é uma tarefa bem difícil.
Responsabilizar o Cultura e Mercado ou o Claudio Prado ou
a pessoa que escreveu o artigo por não explicarem tudo o
que é a MetaReciclagem é tirar o nosso da reta. A responsa
é nossa.

E aí, alguém se mexe pra mudar isso? Porque se a gente se define
como rede aberta, é um contra-senso tentar controlar o que se fala
sobre MetaReciclagem. Pra mim, o que a gente pode fazer pra
garantir que exista uma versão ampla e com respeito a toda a
diversidade que a MetaReciclagem propõe é escrever e publicar
essa versão no nosso site. E tudo o mais que se falar sobre
MetaReciclagem ser ratificado ou retificado ali.

Mas eu não faço isso sozinho. Nem sei se eu saio na frente pra
fazer isso, depois de tanto que eu já gastei de ponta de dedo
escrevendo coisas inconclusas e ambíguas sobre a MetaReciclagem
nessa vida.

Sobre as pessoas
. Hernani é uma das seis pessoas que tavam lá no começo, carregando
pedra, comendo poeira, levando rasteira 7 vezes e levantando 8. Sem
governo, verba, cobertura de imprensa, poder, moda. Na pura fé e
brodagem, e isso conta muito.
. Uirá é um garoto que aprende rápido mas não respira o suficiente.
E lê menos do que deveria, também. Tem futuro, se um dia conseguir
se entender.
. Dalton Pádua e Daniel Martins são meus irmãos.
. Cury é outro daqueles lá do começo. Deu uma baita força quando todo
mundo ficava esperando as coisas acontecerem. Gente que faz, não gente
que fica só conversando.
. Liquuid é um dos meus ídolos. E o Glerm também.
. Izquierdo desapareceu há uns três anos na terra do fogo. Ouvi falar que
pegou uma carona num navio da marinha brasileira que ia à Antártida e
não mais voltou, mas isso tudo são lendas urbanas.

efe